domingo, 29 de setembro de 2013

ZEL HUMOR TOTAL

ANNA RAMALHO: Dona Dilma em NY: quem ainda tem medo da revolucionária?

Dona Dilma em NY: quem ainda tem medo da revolucionária?

26 de setembro de 2013 20:13 por:  
por Anna Ramalhoanna-ramalho-jornalista

Corria a campanha presidencial de 2009, a presidente Dilma apareceu em flagrante do jornal “O Globo” num momento, digamos, de destemperança: segundo a legenda da foto, ela estava dando uma bronca no Geddel Vieira Lima. Mas o que me chamou a atenção foi a bolsa. Era uma Kelly de Hermès, sem dúvida. A bolsa sonho de consumo de “panteras e panterinhas, bonecas e deslumbradas” como gostava de caracterizar o saudoso colunista Ibrahim Sued. Preta, chique, inconfundível.  O preço na época equivalia a R$ 14 mil.   A essa altura, o “Jornal do Brasil” ainda rodava a sua edição impressa, onde eu tinha minha coluna  e tenho até hoje,  mas agora online. Fiz a nota, claro.  Foi um sucesso total.  Rodou tanto por aí que o colunista de “Veja”, Reinaldo Azevedo, deu como coisa sua ( teve a hombridade de esclarecer o engano quando me apresentei como autora em seu lidíssimo blog). Outros tantos reproduziram ipsis litteris a notícia, mas não tiveram a elegância do colega. Coisas da vida, tudo bem. Sem rancores.
Dilma candidata e a bolsa Kelly da Hermès (2009)
Dilma candidata e a bolsa Kelly da Hermès (2009)
De lá pra cá, muita coisa mudou, inclusive a moça. Que virou presidenta e caminha alegre e confiantemente para um segundo mandato. As broncas continuam, mas as bolsas sumiram. Podem reparar. No mesmo dia em que a nota foi publicada, em setembro de 2009, telefonou para a minha casa a assessora Denise. Queria esclarecer que a bolsa da chefa não era uma Hermès, era apenas uma Francesco Rogani, estilista inencontrável nas minhas buscas na rede, que ela teria comprado numa viagem a Veneza. Dei a versão dela e ciao, bella! Mas nunca mais vi Dona Dilma de bolsa. Em nenhuma ocasião, o que ainda a deixa mais deselegante, já que fica estranho mulher sem o acessório imprescindível. Até a Rainha Elizabeth usa… E vamos combinar que, em matéria de traquejo social, Sua Majestade está jardas à frente de nossa versão bolivariana, certo? Vê se a abominável Cristina Kirchner  anda sem bolsa. A propósito: devo confessar a vocês, meus queridos amigos, que quando olho para a Alceia metida a Evita tenho um certo alívio com o que nos coube neste latifúndio!
Cristina Kirchner e Dilma
Cristina Kirchner e Dilma
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As bolsas sumiram, a Bolsa Família insiste e  dá voto que não acaba mais, e a mania de grandeza de Dona Dilma está quase batendo com as da jovem Maria Antonieta – aquela dos desmandos na corte de Versailles. Daqui a pouco vai ter chuva de brioches. Como se não bastasse o escândalo que foi a viagem ao Vaticano para a posse  de Francisco – o único ser neste mundo a dar exemplos de dignidade e amor ao próximo, além de uma humildade comovente – agora repete-se, em Nova York, na orgia de gastos com o nosso rico dinheirinho. Alguém, por caridade, me esclareça: noves fora aqueles riquésimos que tudo podem, os sheiks das Arábias, os russos nouveaux riche, por que razão a presidente de um país com dezenas de milhões de paupérrimos tem necessidade de uma suíte de U$ 10 mil a diária, no chiquérrimo St Regis? Até mordomo falando português tem. Vem cá: Dona Dilma não é versadíssima no idioma do Bardo? Mordomo pra quê? Ah, já sei! Tem que preparar o banho da lady, servir o breakfast, escovar o blaser vermelho – muita coisa mesmo. Cansa só de pensar. Ela precisaria na realidade de um Charles Carson, aquele supereficiente mordomo de Downton Abbey, que nos encanta com sua elegância e modos impecáveis no seriado inglês.  Além da criadagem, a suíte milionária  tem também vários lustres de cristal para Dona Dilma contar os pingentes antes de dormir. Too much pra mim, ok?
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O desembarque de Dilma em Nova York: de mãos abanando
O desembarque de Dilma em Nova York: de mãos abanando
Gente, me bate uma vergonha alheia!!!! Na hora do luxo neguinho não pensa nem na demagogia de recusar o cinco estrelas, exigir um de, vá lá, quatro, e assim arrebanhar alguns votinhos a mais desse povo ignorante, sofrido e, a essa altura, estúpido. A boca livre, que seria a viagem oficial com direito a hospedagem na Casa Branca e tudo, agora em outubro, Dona Dilma fez pirracinha e negou.  Falou grosso na ONU, a imprensa americana não lhe dedicou nem uma mísera linha, e já já ela estará de volta para as broncas no segundo escalão. Não vamos ter, assim, o prazer de ver Sua Excelência no baile de gala na Casa Branca de longuete e clutch – porque aí ela teria que carregar alguma coisa na mão. Não me conformo de não poder assistir à valsa que ela dançaria com Mr. President!
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A vilegiatura em Nova York, com zero de dividendos pra nós, vem provar que, no poder, não muda nada mesmo. No momento, apenas dispensa adereços. Fecho a crônica de setembro de 2013 como fechei a nota de 2009, quando Dilma Rousseff ainda não havia se elegido: “Quem ainda teme a revolucionária dos anos 70, pode ficar tranquilo. Não se usa uma Kelly impunemente.”

Anna Ramalho é colunista do Jornal do Brasil, criadora e editora do sitewww.annaramalho.com.br e cronista sempre que pode.

1ª Mostra Guia Celebrar


sábado, 14 de setembro de 2013

ZEL HUMOR


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ANNA RAMALHO: “Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste”. Pobre Bilac!

“Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste”. Pobre Bilac!


por Anna Ramalho
anna-ramalho-jornalista


Aprendi muito menina ainda aqueles famosos versos de Olavo Bilac: “Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste!/ Criança! Não verás nenhum país como este!”. Assim mesmo, com todas essas exclamações, que seguiam acompanhando a poesia de exaltação às belezas e riquezas do nosso Brasil, muito apropriadamente batizada de  “A Pátria”.
O nosso Príncipe dos Poetas descansa em paz desde 1918, informa o onisciente Google. Sorte dele. Foi poupado de presenciar fancarias as mais diversas, safadezas de fazer corar o Ronald Biggs, cambalachos e baixarias de toda a sorte e para todos os gostos.
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Capistrano de Abreu

Hoje – sexta-feira, 13 de setembro de 2013, data emblemática – o Brasil que pensa acordou numa ressaca moral digna do dia tão mal falado. A bem da verdade, a sexta 13, no seu significado de dia de azar, foi a quinta 12, quando ministros  da mais alta corte do país faltaram com o respeito devido aos cidadãos brasileiros. Não dá para amar com fé e orgulho a nossa terra, quando somos obrigados a conviver com juristas de notório saber, com fama de ilibadíssimas reputações, que praticamente voltaram atrás em matéria já decidida.  Muito estranho. É claro que vem alguém correndo dizer que não é bem assim, que quem não tem competência não se estabelece, e realmente não tenho todo aquele notório saber das excelências. Mas tenho vergonha na cara. Desde criancinha sei de cor os versos de Bilac e a Constuição promulgada por meu bisavô, o grande historiadorCapistrano de Abreu, que é um primor de concisão: “Artigo 1º Todo o brasileiro é obrigado a ter vergonha na cara. Parágrafo único: revogam-se as disposições em contrário.”  Fez falta essa Constituição no notório saber de alguns daqueles ministros, como faz, infelizmente,  para a maioria dos políticos brasileiros.
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Fico indignada com certas coisas. As excelências ornamentadas pelas negras togas são incapazes de proferir uma frase clara, assim tipo Ivo viu a uva. Acreditam piamente que notório saber é falar empolado. Com isso, a matéria que já é complicada e cheia de nuances, fica mais enrolada ainda – lembrando, muitas vezes, o imortal Rolando Lero da Escolinha do Professor Raimundo, outro imortal do grande Chico Anysio ( por coincidência, Chico e meu bisavô Capistrano são da mesma Maranguape, interior do Ceará). Se nós, os eleitores mais esclarecidos, ficamos confusos, é de se imaginar que o povão boie no assunto – o que satisfaz plenamente a classe política. De Dona Dilma ao mais reles vereador, não pode haver notícia melhor. A nação de BilacCapistrano e todos nós, os  150 milhões de brasileiros, foi pilhada por uma gangue da pesada e, se tudo correr como parece que correrá, os acusados escaparão de qualquer tipo de constrangimento. Prisão? Nem pensar. Devolver o dinheiro? Kakakakakakakaka.
Assim vamos seguindo, ano que vem tem eleição, reeleição dada como certa, o Pibinho vem reagindo, o dólar tem que cair na marra, a gasolina não aumenta para não criar estresse em tempos de votos, Dona Dilma já pensa no próximo blaser vermelho para encontrar o Obama ( se esnobar o americano, usa com o Morales, sem problema) e o Brasil – aquele que a gente ama com fé e orgulho – que se dane.
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Ministro Marco Aurélio Mello

O ministro Marco Aurélio Mello, que honrou a toga que veste, falou em esperança “para os nossos bisnetos”. Tocou fundo na ferida. Houve um tempo em que pensei que meu filho veria dias melhores, tão logo a ditadura foi varrida e seus generais vestiram os pijamas listrados. Acreditava que, com liberdade e bons dirigentes, o Brasil encontraria seu destino. Ledo engano. Meu filho tem sua filha, minha Bela Antonia, 9 anos. Pelas contas do ministro, ainda não se ufanará de sua pátria como quis Bilac. Quem sabe seus filhos?  Como amo intensamente esta menininha, rezo para que assim seja. Lá no fundo, porém, bate a inquietação. Será que algum dia poderemos, como Bilac, dizer “ Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste/ Criança! Não verás país como este” ? Por enquanto a gente diz. Mas só pra debochar. Em matéria de vigarice, de patifaria, de malfeitos, realmente não há país como este. Tudo é tanto, tão às avessas, tão gauche, que chega a ser cansativo.
Bisnetos, já torcendo por vocês. Que o Brasil lhes seja leve!